Estilo de Vida Simples ou Minimalista: Fundamentação e Resultados

O estilo de vida minimalista tem ganho destaque neste mundo cunhado em exigir mais - trabalho, bens, tempo e conexões digitais (rede social). Mas será que “mais” realmente leva à felicidade? Vejamos ...

1. Introdução

Num mundo que tendencialmente nos solicita mais trabalho, possuir mais e melhores bens materiais, disponibilizar mais do nosso tempo de lazer para outros fins e quase ser obrigatório participar nas redes sociais digitais da moda, será que todos estes “mais” nos leva a qualquer grau credível de felicidade?

Se NÃO, então “Mais pode (acabar por) ser Menos” ! Mas, pelo contrário existe a possibilidade de que “Menos pode ser Mais” ?

Neste artigo, vamos explorar como o minimalismo pode ser uma alternativa viável para aqueles que desejam um equilíbrio maior entre suas aspirações e o que realmente importa na vida.

2. O que é um Estilo de Vida Simples ou Minimalista?

2.1 Diferenças entre simplicidade e minimalismo

Simplicidade e minimalista são conceitos que frequentemente se sobrepõem, porem simplicidade tende a estar mais associada à busca por uma vida menos complexa, enquanto o minimalismo envolve um processo necessariamente consciente de redução e priorização de objetivos importantes para o próprio.

2.2 Definição de minimalismo

Assim, o minimalismo ultrapassa o simples objetivo de viver com menos coisas. É pelo contrário uma filosofia que prioriza o que é essencial, eliminando o excesso e focando no que traz valor e significado. Minimalistas buscam simplificar suas vidas, reduzindo não apenas pertences materiais, mas também atividades, compromissos e até pensamentos desnecessários.

3. Por que o minimalismo é relevante?

3.1 Origens filosóficas e culturais

O minimalismo tem raízes em várias filosofias, como o estoicismo dos antigos gregos, que defendia a ideia de que “a felicidade não está em possuir coisas, mas em ser livre delas”. Também é encontrado no budismo, com sua ênfase no “desapego material”.

3.2 A sociedade de consumo e o excesso

Na era moderna, o minimalismo surge como um contrapeso ao consumismo exacerbado. O desejo de ter mais ou melhor, muitas vezes leva ao endividamento, stress e insatisfação, criando um ciclo de dependência do materialismo.

Um exemplo vulgar, pode ser o caso da pessoa que ao ver o novo carro do seu vizinho estacionado junto da sua casa, lhe salta um impulso consumista, baseado apenas na frustração de não ter também um igual ou semelhante, independentemente de que a sua viatura atual continua a servir na globalidade os propósitos necessários.

3.3 Relação com sustentabilidade e ecologia

Não menos importante, optar pelo minimalismo também é um ato ecológico de sustentabilidade.

Os 6 R’s + 1 da sustentablidadde: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reparar, Regenerar e Reciclar

Repensar e Recusar os apelos do consumismo, origina Reduzir a necessidade de produção, consequentemente ter menos desperdício e assegurar uma pegada ambiental menor. É assim uma maneira prática de contribuir para um mundo mais sustentável.

4. O que posso ganhar e/ou perder ?

4.1 Benefícios tangíveis e intangíveis

• Tempo: Menos objetos e compromissos resultam em mais tempo livre.

• Saúde mental: A redução de estímulos visuais e preocupações diminui o stress.

• Financeiro: O consumo consciente leva a economias significativas.

• Relacionamentos: Priorizar as pessoas ao invés das coisas materiais, fortalece os laços afetivos.

4.2 Possíveis perdas e desafios

• Adaptação: Pode ser difícil desapegar de bens materiais com valor sentimental.

• Pressão social: Minimalistas frequentemente enfrentam incompreensão ou até julgamento inapropriaddos.

• Consumo consciente: Exige mais planejamento para evitar excessos ou compras impulsivas no futuro.

5. A quem se pode destinar um Estilo de Vida de tipo Minimalista?

5.1 Perfis mais comuns

O minimalismo atrai diferentes tipos de pessoas:

• Jovens que procuram independência financeira;

• Profissionais sujeito habitualmente a elevado stress, desejam vivamente poder desacelerar;

• Famílias que procuram mais tempo de qualidade;

• Idosos que desejam simplificar a vida e reduzir bens acumulados.

5.2 Idade, cultura e motivações individuais

Embora qualquer pessoa possa adotar o minimalismo, as motivações podem variar: alguns buscam mais tempo para a família, outros desejam maior liberdade financeira ou querem reduzir o impacto ambiental da sua pegada.

6. Então, como começar a caminhada para o minimalismo?

6.1 Declutter: Livre-se do “excesso”

O primeiro passo (muitas vezes doloroso) é revisar e analisar criticamente os seus pertences. Existe metodologia para se conseguir ultrapassar esta fase inicial mas crucial da caminhada para o minimalismo

Pergunte-se: “Eu realmente uso isso? Quando foi a última vez ? Isso me traz alegria?”

Despeça-se dos desnecessário: tenha sempre em mente os 6 R’s + 1 da sustentablidadde: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reparar, Regenerar e Reciclar.

Relembre-se que outros poderão dar nova vida aos mesmos pertences. Passa muito por uma questão cultural – feiras de trocas, venda ou cedência de artigos em 2ª mão. Evite contudo passar de imediato para o último estadio da sustentabilidade (regenerar-> Eco ponto) e especialmente, NUNCA os deite simplesmente fora (lixo comum).

6.2 Organização e priorização

Passada a primeira etapa mais dolorosa (reduzir objetos), organize então o que ficou. Categorize o essencial e aprenda a dizer “não” para o que não agrega valor.

6.3 Estabeleça metas claras

Defina objetivos: economizar dinheiro, reduzir o stress ou até mesmo viajar mais.

O minimalismo deve ser uma ferramenta para alcançar os seus objetivos, não um fim em si.

7. Algum exemplos reais de mudanças minimalistas

7.1 Reformular o espaço habitacional

Casa (tradicional) minimalista: torne o espaço existente menos carregado de móveis e de decoração, reduzindo a necessidade de manutenção e proporcionando um ambiente mais tranquilo.

Mini-casas (tiny houses): pressupõe aceitar habitar num casa mais pequena do que uma casa tradicional, e nesta medida, abordar a organização do espaço reduzido, na multifuncionalidade dos seus elementos que permita desta forma proporcionar equivalentes condições de vida ao da casa “tradicional” minimalista. Existe um movimento crescente de pessoas a favor da opção por este conceito.

7.2 Alimentação e hábitos saudáveis

O minimalismo na alimentação envolve evitar desperdícios e optar por refeições mais simples e saudáveis.

7.3 Trabalho e finanças

Reduzir despesas e compromissos profissionais desnecessários pode melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

8. Perguntas frequentes

1. Minimalismo significa livrar-se de tudo?

Não, significa apenas manter o que é essencial e traz valor.

2. Posso aplicar o minimalismo apenas a uma área da vida?

Sim, é possível começar com um aspecto, como finanças ou habitação.

3. Como convencer a minha família a adotar pelo minimalismo?

Seja pedagogo e procure consensos – (De)Mostre primeiro os potenciais benefícios mas discuta igualmente as contrariedades e dificuldades previsíveis. Depois e muito importante: Seja paciente. As mudanças podem levar o seu tempo.

4. Minimalismo é caro?

Pelo contrário, é uma prática que tende a economizar dinheiro.

5. Preciso viver num espaço pequeno para ser minimalista?

Não, como anteriormente referido minimalismo é sobre viver com o que é essencial, independentemente do espaço. Porem se ainda não tiver o seu espaço, pode pensar no conceito da mini-casas que em termos de gastos de construção e/ou de aquisição chave-na-mão, pode representar um menor investimento per si!

9. Conclusão e sugestões de leitura complementar

O minimalismo é mais do que uma moda passageira. É uma maneira de repensar o que valorizamos e como vivemos. Ao reduzir o excesso, ganhamos mais tempo, dinheiro e paz de espírito. No entanto, é importante lembrar que o minimalismo não é simples privação, mas essencialmente a liberdade pelas opções conscientes.

Sugestão de leitura complementar

1. BECKER, Joshua. A Arte de Viver com Menos. São Paulo: Editora Sextante, 2019.

2. JAY, Francine. Menos é Mais: Minimalismo para uma Vida Significativa. São Paulo: GMT Editores, 2016.

3. KOGAN, Marie. Essencialismo: O Discurso da Simplicidade. Rio de Janeiro: Editora BestSeller, 2020.

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Scroll to Top